ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 19.3.1992.

 


Aos dezenove dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigési­ma Primeira Sessão Ordinária da Quarta Sessão Legislativa Or­dinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze mi­nutos constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presiden­te declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Vigésima Sessão Ordi­nária e da Décima Sessão Extraordinária que deixaram de ser votadas face a inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Airto Ferronato, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Elói Guimarães, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 32/92 (Processo nº 650/92); pelo Verea­dor Isaac Ainhorn, 02 Indicações; pelo Vereador Jaques Macha­do, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Dib, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Lauro Hagemann, 01 Projeto de Resolução nº 12/92 (Processo nº 680/92); pela Ve­readora Letícia Arruda, 02 Indicações e 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Nereu D’Ávila, 28 Pedidos de Providências; pelo Vereador Vicente Dutra, 01 Projeto de Lei do Legislati­vo nº 28/92 (Processo nº 622/92) e 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 60/91 (Processo nº 3212/91); e pelo Vereador Vieira da Cunha 02 Pedidos de Providências. Do EXPE­DIENTE constaram: Ofícios s/nºs, da Senhora Miriam Ives Ribeiro Antonini; da Câmara Municipal de Castilho-SP; nº 01/92, da Câmara Municipal de Poço das Antas-RS; nº 117/92, do Subchefe da Casa Civil do Governo do Estado; e Ofício-Circular nº 01/92, da Câmara Municipal de Campo Bom-RS. A seguir, nos termos do Artigo 100, da Lei Orgânica do Município, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Professores Ana Maria Azevedo e Francisco Rodrigues, representantes do Trigésimo Oitavo e Trigésimo Nono Núcleos do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul - Sindicato que discorreram acerca da defasagem salarial dos trabalhadores em educação e remanejamento de professores no Estado. Após, foram aprovados os Requerimentos dos Vereadores Artur Zanella e Giovani Gregol, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje. A seguir, o Senhor Presidente declarou empossados na Vereança o Suplente Martim Aranha Filho, em substituição ao Ve­reador Artur Zanella, e Heriberto Back, em substituição ao Vereador Giovani Gregol e, informando que Suas Excelências já prestaram compromisso regimental nesta Legislatura, ficando dispensados de fazê-lo, comunicou-lhes que passariam a integrar as Comissões de Urbanização, Transportes e Habitação e de Saúde e Meio Ambiente, respectivamente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann discorreu sobre os pronunciamentos dos representantes do Centro de Professores do Estado, hoje, nesta Casa, apresentando solidariedade à Professora Maria Au­gusta Feldmann, bem como a toda categoria, pelo que vem ocor­rendo de trágico no Estado, em relação à educação. Afirmou ser a educação uma preocupação fundamental de qualquer sociedade que queira progredir. O Vereador Edi Morelli reportou-se acerca do calendário escolar nas escolas públicas, tecendo comen­tários sobre a defasagem dos salários do magistério. Disse ainda, que a população é a prejudicada nessa situação entre os trabalhadores em educação e o Governo do Estado. Propugnou por entendimentos por parte do Governo. O Vereador José Valdir teceu comentários sobre a discussão dos problemas do magistério riograndense, ressaltando que a política da educação que está trazendo infelicidade para a comunidade e para os professores. Falou, ainda, que o Governo do Estado deseja acabar com o Plano de Carreira do Magistério. Fez paralelo entre o magistério municipal e estadual, com relação à remuneração. O Ve­reador João Dib afirmou que os professores deste Estado estão sendo massacrados nos últimos anos. Solidarizou-se com os representantes do Centro de Professores do Estado presentes em Plenário. Disse, ainda, que é necessário coerência e dignidade para fazer política salarial, propugnando pelos quarenta por cento de reposição na remuneração dos municipários, os quais foram retirados durante o ano passado. O Vereador Nereu D’Ávila afirmou que o Estado está em fase de transformação, justi­ficando, assim, as dificuldades de entendimento entre Governo e professores. Citou escolas públicas que estão sendo reorga­nizadas, afirmando que verbas estão sendo liberadas para as mesmas a fim de mantê-las fisicamente. Referiu-se, também, sobre as modificações no Plano de Carreira. O Vereador Gert Schinke afirmou que a educação não é considerada investimento, mas sim gastos para o Estado. Criticou a forma que o Governo do Estado impõe o modelo criado dentro da Secretaria de Educação, desmantelando, dessa forma, a estrutura até hoje conquistada pelos professores gaúchos, ao longo dos anos. Solidarizou-se com os representantes do Centro de Professores do Estado pre­sentes em Plenário. Em continuidade, foi aprovado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia de hoje. A seguir, o Senhor Presidente declarou empossado na Vereança o Suplente Antonio Losada e, informando que Sua Excelência já prestou compromisso regimental nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, bem como, apregoou o Projeto de Lei do Executivo nº 15/92. Na ocasião, o Senhor Presidente respon­deu Questões de Ordem do Vereador Vieira da Cunha, acerca da renovação de votação do artigo 12 do Projeto de Lei Complemen­tar do Executivo nº 32/90. Às quinze horas e dezessete minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para à Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e Leão de Me­deiros e secretariados pelos Vereadores Leão de Medeiros e Wilson Santos. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Solicito ao Sr. Secretário que apregoe um Requerimento.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do Ver. Vieira da Cunha, que requer renovação de votação do art. 12, do Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 32/90 – Processo nº 2172, com, apoio no art. 120, do Regimento Interno.

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, mas uma vez a Câmara Municipal de Porto Alegre possibilita a utilização da Tribuna Popular nos termos do art. 100 da Lei Orgânica.

Antes de passar a palavra aos ilustres visitantes, gostaria de orientar os integrantes da Guarda Municipal que nos visitam, que a matéria de interesse dos senhores será votada esta tarde. Logo após o encerramento desta Sessão Ordinária, que ocorrerá após a manifestação dos núcleos do CPERS, 38° e 39°, aqui presentes, convocaremos uma sessão extraordinária para votação de vetos.

Portanto, solicito aos companheiros que permaneçam em silêncio, e que muito nos honra a presença dos Senhores na Casa do Povo de Porto Alegre.

O CPERS solicitou a utilização da Tribuna Popular representados pelo 38° e 39° Núcleos do CPERS no sentido de manifestar a sua posição sobre os atos autoritários do Governo do Estado do Rio Grande do Sul em relação à defasagem salarial dos trabalhadores em educação, achatamento do Plano de Carreira e Remanejamento de Professores sem obedecer critérios.

A Mesa deliberou, designou esta data.

Passamos, portanto, à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Estão presentes conosco a Professora Ana Maria Azevedo que representa o 38° Núcleo e o Prof. Francisco Rodrigues da direção do 39° Núcleo. Os companheiros dividirão o tempo de 10 min.

Com a palavra, a Profª Ana Maria Azevedo.

 

A SRA. ANA MARIA AZEVEDO: Agradecemos o espaço nesta tribuna democrática e justificamos o porquê do seu uso pelo sindicato dos trabalhadores em educação.

Estamos aqui para denunciar a situação calamitosa da educação em nosso Estado. E esta é uma obrigação social e humanitária que temos, pois os desmandos e prepotência de um Governo em cima dos trabalhadores em educação, e de nossas escolas públicas atinge também toda uma população escolar e suas famílias, com graves repercussões sociais.

A situação do ensino e do magistério e dos funcionários de escola desde a posse do atual Governo é de intervenção nas escolas; suspensão das eleições para diretores; insistência em militar o plano de carreira do magistério; o maior arrocho salarial desde a implantação do plano de carreira em 1974; desrespeito ao regime de trabalho do professor, obrigando-o a exceder as suas horas de trabalho; remanejo de professores sem obedecer critérios ou tendo como único critério atingir ex-membros da direção das escolas, candidatos à direção na eleição suspensa pelo Governo; líderes da categoria com atividades no Sindicato; implantação do calendário rotativo de forma arbitrária, ainda que sobrem vagas nas escolas, sem participação da comunidade escolar, sem testagem prévia, sem o mínimo engajamento dos profissionais da educação, com elitismo da clientela que poderá estar no calendário A, com grandes problemas para as famílias e os estudantes, que, colocados em outro calendário que não o A, perderão certamente um ano letivo na sua trajetória escolar. E o que é mais grave neste momento e lesivo à organização de uma sociedade democrática: o Governo do Estado ignora o CPERS - Sindicato, teimando em não reconhecê-lo como nossa entidade representativa, negando-se a negociar com a categoria e buscando pelo terrorismo a uns e a fome a outros manter um estado de coisas por si só insustentáveis. E mais, o Governo desrespeita da forma mais vil os profissionais de educação ao ofender nossa Presidente Maria Augusta Feldmann.

Arrocho Salarial: A defasagem salarial dos funcionários de escola em um ano é de 660,75% e a do magistério público estadual, em 1° de março, é de 584,25%. O salário básico do magistério continua em Cr$ 46.351,00 representando 0,48% do salário mínimo vigente. O grande argumento do Governo para o arrocho salarial é a falta de recursos. Então vejamos: de setembro de 1990 a janeiro de 1992 o ICMS cresceu 838%, enquanto o reajuste do magistério foi de apenas 191% no período. Em 1991, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado, comprometeu apenas 51,57% das receitas líquidas do Estado com pagamento de pessoal. Em janeiro e fevereiro de 1992 gastou apenas 34% dessa arrecadação. Enquanto a Constituição prevê esses gastos até o limite de 65%. Disso se concluiu que o arrocho salarial a nós imposto é resultado de uma vontade política desse Governo, sem se importar com as nefastas conseqüências para a educação como um todo, sem se importar com a fome e a miséria que impõe aos membros do magistério e do funcionalismo.

Insistência em limitar o plano de carreira do magistério.

Dentro de sua política de fazer economia a custa do arrocho imposto ao funcionalismo e ao magistério estadual, o Governo do Estado investe contra o plano de carreira do magistério com o único objetivo de reduzir o salário de pelo menos 70% da categoria que tem um grave defeito, segundo o Sr. Governador e a Srª Secretária: estes profissionais são melhor qualificados, possuem curso superior em sua formação profissional. O Projeto 25/92 do Governo do Estado, que visa a extinguir o nível 4 do Plano de Carreira, é inconstitucional, ferindo flagrantemente os princípios constitucionais do direito do cidadão a um ensino de qualidade, a irredutibilidade dos salários, isonomia salarial e no seu aspecto formal, deverá ser encaminhado por lei complementar e não ordinária. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Prof. Francisco Rodrigues que tem mais cinco minutos, dentro do tempo da Tribuna Popular para falar em nome do 39° núcleo do CPERS - Sindicato.

 

O SR. FRANCISCO RODRIGUES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na última vez que aqui estivemos, dia 10/12/91, nós pedíamos aos Srs. Vereadores que procurassem entender e que compartilhassem das nossas humilhações. Solicitávamos inclusive que os Srs. Vereadores do Partido do Governo refletissem sem os envolvimentos emocionais partidários para que entendessem a situação dos trabalhadores em Educação deste Estado. Pois bem, Srs. Vereadores, estamos retornando três meses depois com a conjuntura educacional em pior situação.

Hoje além das questões anteriores, nos deparamos com o completo sucateamento pedagógico da escola pública neste Estado, e com remanejos autoritários, sem critérios, caracterizando perseguição política.

Interventores: Não bastasse a cassação da eleição de diretores, a indicação dos interventores, depara-se a escola pública com um verdadeiro festival de incompetência, autoritarismo e revanchismo.

A tão propalada revolução na educação significa: a implosão de todos os projetos implantados nas escolas, diminuição da carga horária, salas entupidas com mais de 40 alunos. Ora o equívoco é tão grande que o PDT, defende com unhas e dentes os CIEPS, pois na concepção do PDT a melhoria da qualidade de ensino passa pelo aluno permanecer mais tempo na escola, e na prática os seus interventores fazem exatamente o contrário, diminuem a carga horária reduzindo as possibilidades dos alunos, e arrumam argumentos para que sobrem professores, mas a maior coincidência é que os que sobram são professores filiados ao PT, ou militantes do CPERS, ou aquele que participou do processo eleitoral passado.

O raivosismo (sic) é tão grande que chegam a remanejar professores de sala de aula, não respeitando nem os critérios estabelecidos pela Srª Neuza Canabarro.

Calendário Rotativo: Sempre dissemos, não somos contra o Calendário Rotativo, até por que não o conhecemos profundamente, aliás, nem a Secretaria da Educação e a Diretora da Divisão Escolar têm as respostas para os questionamentos.

No nosso entendimento a comunidade escolar deveria ter sido chamada para discuti-lo. Teria sido evitado o tumulto que está estabelecido nas escolas públicas.

A questão da educação neste Estado é pedagógica antes de ser administrativa, e o que a Srª Neuza Canabarro ainda não entendeu é que ela precisa traçar uma política pedagógica para o Rio Grande do Sul, e não destruir o que as escolas individualmente faziam antes de sofrerem intervenção.

Questão Salarial: Só existe um estado da federação onde o salário é mais baixo do que no Rio Grande do Sul, chama-se Piauí, lá o piso é de Cr$ 15.000,00, mas o Governo é mais sensível ele completa com um abono para chegar no salário mínimo. No Rio Grande do Sul o Sr. Alceu Collares, Governador do Estado, continua com o discurso que vai pagar mais para quem ganha menos e com esta justificativa manda para a Assembléia Legislativa um Projeto, o qual fere preceitos constitucionais, condicionando um piso de Cr$ 192.000,00 caso a Assembléia Legislativa aprove a retirada do nível 06. Temos que encarar este fato de frente, ser honesto, e entender que não interessa ao Governo do Estado a simples retirada do nível 06, e o discurso de que pagará mais para quem ganha menos é demagogia barata, o que está por traz é um arrocho salarial sem precedentes, com um canetaço o Governador do Estado e a Secretária de Educação surrupiam mais de 25% dos salários dos professores e economizam 9 bilhões de cruzeiros.

Diante desse fato só podemos ser irônicos, o que representa esse valor para um estado que fez uma reforma administrativa, por sinal a melhor da América Latina, e economizar 35% para os cofres públicos.

Mesmo que os professores resolvessem aceitar a proposta do Governo, que perspectivas teriam nos próximos meses, o que iriam perder mais.

Onde está a política salarial? Ela foi prometida para junho de 1991, está quase com um ano de gestação. Como nós temos certeza de que se o Governo quisesse já teria resolvido o problema, só podemos concluir que é má intenção.

Ainda mais agora com a informação do Tribunal de Contas do Estado.

O Governador do Estado tem atacado sistematicamente a nossa Categoria, acusando os dirigentes do CPERS/Sindicato de intransigentes e outras tantas acusações, com o discurso de que os professores estão do seu lado. Mas queremos mandar um recado ao Governo do Estado, nós estamos habituados a conviver com a democracia, na nossa categoria as questões são discutidas e deliberadas em Assembléia Geral. A única instância democrática que o Governo do Estado cassou foi a escola.

Aliás, falando em democracia temos que relembrar que o Sr. Collares passou os 20 anos da ditadura gritando contra o autoritarismo e não sofreu um arranhão, agora dá para entender por que.

Não poderíamos de forma alguma deixar passar em branco as últimas atitudes do Governo do Estado quando usando o jornal Zero Hora do dia 15/03, disse que a Presidente do CPERS/Sindicato tinha é que enfiar um penico na cabeça e que ela tinha rasgos de inteligência.

Ao atacar a nossa entidade o Sr. Collares tenta desestruturar as relações democráticas da nossa categoria. Por esse motivo o nosso repúdio.

Nosso objetivo com esta intervenção é denunciar à comunidade de Porto Alegre como o Governo do Rio Grande do Sul trata as questões ligadas à educação, também dizer aos Srs. Vereadores que precisamos que a Câmara Municipal de Porto Alegre se manifeste, questione, ocupe o seu espaço nesta discussão que não é meramente salarial, mas que atinge a comunidade que os elegeu.

Nunca é demais relembrarmos os itens que compõe a revolução na Educação:

1 - Desconto de 19 dias de greve, tendo as aulas sido recuperadas;

2 - Corte da efetividade;

3 - Cassação da cedência dos diretores de núcleo do CPERS;

4 - Cassação da eleição de diretores;

5 - Sorteio dos cargos de interventores;

6 - 50 paus por cabeça como projeto salarial;

7 - Ameaça de corte no desconto para o CPERS, feito pelo Tesouro, trabalho este pago;

8 - Instauração de um clima de terror nas escolas;

9 - Envio de projeto propondo arrocho salarial;

10 - Admissão de companheiros de partido para trabalhar nas escolas sem concurso;

11 - Remanejos sem critérios;

12 - Agressão pública à entidade na pessoa de sua Presidente;

13 - Descaracterização do plano de carreira.

 

É possível enganar alguns por algum tempo, todos por algum tempo, mas é impossível enganar todos por todo tempo.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa pedido de Licença para Tratamento de Saúde, nesta data, dia 19 de março, do Ver. Artur Zanella e do Ver. Giovani Gregol.

 

(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos de licença dos Vers. Artur Zanella e Giovani Gregol, e dada posse aos Suplentes, conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann, em tempo de Liderança.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, prezados professores que representam o CPERS, o PPS, que sucede o PCB nesta Casa e neste País, não poderia deixar de vir à tribuna para comentar a presença, aqui nesta tarde, dos representantes do Centro dos Professores. Em primeiro lugar, a nossa solidariedade à Profª Maria Augusta Feldmann, Presidenta do CPERS e a toda a categoria, pelo que vem ocorrendo de trágico neste Estado, em relação à educação. Cremos que é chegado o momento de se começar a usar o senso, porque do modo como as coisas estão fluindo, o prejuízo para a sociedade será irreparável, como já aconteceu em outras épocas históricas, não só no Brasil como em qualquer outro País que tenha tido este tipo de procedimento. A educação é uma preocupação fundamental de qualquer sociedade que queira progredir. Acredito que o Sr. Governador tenha-se excedido em várias ocasiões no trato desta questão. Faço, por isso, um apelo a S. Exª, para que medite e consiga raciocinar com clareza, a respeito do tratamento que deve merecer este tema. Não é só quanto à questão salarial, porque esta é uma questão circunstancial, é do momento, que afeta todas as categorias. Mas, insisto na questão do ensino como instituição. É isso que tem que ser preservado. Se quisermos ser um país do ano 2000, capaz de ombrear com as nações mais desenvolvidas do mundo, teremos de cuidar da educação de nossa sociedade.

Aproveito a minha presença na tribuna para reafirmar que muito me sensibilizou um manifesto de ex-presidentes do CPERS. Isso representa, nos dia de hoje, um resgate de 46 anos de história da entidade. É sintomático que esses ex-presidentes, que compõem um espectro muito amplo de partidos políticos, de ideologias, de concepções, tenham-se unido em torno da idéia que a sociedade, hoje, defende. Esse manifesto é assinado pela Profª Valdeci Noemi Souza Bezerra, que foi Presidente do CPERS de 1972 a 1975; pelo Prof. Hermes Zanetti, que foi Presidente do CPERS de 1975 a 1979; pela Profª Glacy I. Rolim Corrêa, que foi Presidente de 1979 a 1981; pela Profª Zilah Mattos Totta, que foi Presidente do CPERS de 1981 a 1984, minha professora no Júlio de Castilhos, nome que declino com muita honra; Prof. Paulo Egon Viederckert, Presidente do CPERS de 1984 a 1987 e pelo Prof. Delmar Steffen, Presidente do CPERS de 1987 a 1990. São seis ex-presidentes que assinam um documento em apoio, em solidariedade à Profª Maria Augusta Feldmann e especialmente ao CPERS. Há três pontos destacáveis no manifesto que dizem respeito à expectativa da categoria e da sociedade com relação ao trato que o problema deve merecer por parte do Estado e do Governo, que é a democratização das escolas com a eleição de diretoras e conselhos escolares, plano de carreira, garantindo a qualificação profissional, com vistas à melhoria do ensino e o aumento das verbas públicas destinadas à educação. São coisas que não dizem respeito a pessoas; dizem respeito a uma situação. É para isso que se quer chamar a atenção do Governo nesta fase crucial por que passamos na questão educacional.

Repito: a solidariedade do PPS à Profª Maria Augusta, ao CPERS e à categoria, como um todo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Leão de Medeiros): Com a palavra, pela Bancada do PTB, o Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, representantes do CPERS, jamais usei esta tribuna para fazer demagogia e mais uma vez vou provar que não uso da tribuna para fazer demagogia. Enquanto o Governo do Estado prega os três turnos em algumas escolas, há escolas que terão no calendário de 1992 dois meses de férias de meio de ano, ou seja, do dia 1° de julho ao dia 1° de abril. E aí eu me pergunto, porque em algumas escolas é quebrado o ritmo normal das coisas, o ritmo normal de vida de vários segmentos quando as escolas vão com três turnos. Então fica essa dúvida do porquê desse tipo de coisa. Claro que o salário do magistério está defasado, como de todo o mundo está defasado, mas aqui estamos falando no magistério. Agora, não posso generalizar todo o magistério, toda a classe dos professores, mas há e eu posso provar o que vou dizer. O ano passado alguns professores chegavam ao quadro-negro e diziam para os alunos: vou passar matéria nova. Escrevia no quadro e dizia para os alunos: se quiserem copiar e estudar, copiem e estudem, mas se quiserem sair da sala de aula, para mim é a mesma coisa. E saía e ia para a Secretaria.

Posso provar isso. Por isso disse no início, não ocupo esta tribuna para fazer demagogia. Há erro do Governo do Estado? No meu ponto de vista, há. Há erro do magistério? Há.

Disse muito bem o Vereador que me antecedeu, Ver. Lauro Hagemann: que nesta guerra magistério - Governo do Estado, nós, população, nós, pais de alunos, somos prejudicados, porque se gasta com o filho na escola ou com vários filhos, se quebra um projeto de segmento familiar, em virtude da escola e ficamos à mercê desta guerra entre magistério e Governo do Estado. Há que ter uma definição, há que ter uma solução, para felicidade do Governo do Estado, do magistério e da população, porque enquanto persistir esse desentendimento entre Governo do Estado e magistério, quem sofre é a população.

Por isso, coloco aqui estes dois itens: Governo do Estado que massacra o magistério; magistério que se vê massacrado pelo Governo do Estado e se rebela com o Governo do Estado. E, ainda, uma terceira parte nesta guerra, que é a que é prejudicada, a população. Há que se encontrar um denominador comum, há que haver um consenso entre Governo do Estado e magistério para que possamos buscar soluções, ao invés de discórdia, como está acontecendo há um ano. Pois se não houver consenso entre Governo do Estado e magistério, teremos mais três anos de guerra no Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Valdir, pelo PT.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores; companheiros do CPERS. O que está em discussão não é um desentendimento, porque um desentendimento um psicólogo resolve; o que está em discussão é toda uma política de educação que não está só trazendo infelicidade para o magistério, mas, também, para a comunidade escolar, para os pais e para os alunos. E também não está em jogo discutir se há maus profissionais no meio dos professores; certamente os há, como há maus profissionais - e eu posso provar - no meio da política e no meio dos Vereadores, como podem constatar talvez até nesta Sessão, se ficarem até o fim. Então, não é disso que está se tratando, está se tratando de toda uma política da educação que é nada mais nada menos do que a continuidade piorada do que a gente vem assistindo desse descalabro, desse complô contra a escola pública nos últimos anos. E eu digo isso e tenho posição não por ser professor, não por ser de um partido de esquerda, mas porque eu tenho bom senso para analisar as coisas, eu tenho posição, não vou ficar no chove não molha ou em cima do muro, constatando que é uma briga e me fazendo de desentendido quanto às razões dessa briga. Mesmo que fosse só para combater hoje o descaso da escola pública, os professores já teriam o direito de fazer greve, de fazer movimento; mesmo que fosse hoje para se defender contra a maior repressão de todos os tempos dentro das escolas, quando os companheiros estão sendo colocados à disposição, quando estão trazendo, para a direção das escolas, diretores da época da ditadura militar, que estão se vangloriando, chegam a babar de tanta raiva, descarregando em cima dos professores, como é o caso do Diretor da Escola Dom Diogo, um elemento conhecido no meio do magistério como vindo do tempo da ditadura militar e que está lá, agora, a serviço da Frente Progressista, fazendo um trabalho progressista dentro da escola de tirar os companheiros de dentro da sala de aula e colocar no ministério do ar. Eu vou trazer a lista de todos esses companheiros oportunamente. Isso está acontecendo em todas as escolas, fosse por isso, os professores já teriam direito de fazer movimento. A repressão que se abate, a questão da democracia dentro das escolas, conquista de lutas de anos e anos, que foram retiradas. Propostas contraditórias, porque quando o Governador Collares estava no Município queria escolas, que para uma determinada capacidade queria colocar a metade. Agora quer fazer o contrário dentro do Estado, numa escola que cabe um quer colocar o dobro para dizer que nenhuma criança está sem escola, inventando este calendário. E aí discordo do Vereador que me antecedeu. Inclusive, hoje, está havendo toda uma movimentação dentro do Julinho, o Ver. Losada veio de lá, e não tem nada a ver com os professores, é a comunidade escolar se movimentando contra este calendário esdrúxulo que ninguém entende como foi colocado aqui, ninguém dá explicações, e não tem como se posicionar sobre uma coisa que não dá para se entender. Como os CIEMs que viraram CIACs, método revolucionário da educação, que caiu nas mãos do Collor, o que não dá para se entender.

Nunca ninguém foi tão baixo nível de dizer para um dirigente sindical colocar “aquilo” na cabeça, um Governador do Estado que depois teve que se retratar.

E a questão salarial, que tiveram a cara-de-pau de dizer que a melhor política salarial do País, quando com esta proposta de 2 salários mínimos vai para 192 mil o básico do nível 1. E no Município, hoje, com os 60% que devem estar sendo protocolados vai para 350 mil o piso aqui. Sem o aumento de 60% são 216 mil. E para quem sabe fazer conta de cabeça, Ver. João Dib, são muito mais que os 192 mil que o Collares quer dar com os dois salários mínimos. Essa é a melhor política salarial do País. É preciso que nos posicionemos claramente. Não é essa história de que entre o mar e o rochedo quem sai perdendo é o marisco. Tem que se ter posição. Ou se defende escola pública e seus profissionais ou não se defende, não se vem a esta tribuna se colocar em cima do muro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib, que fala em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Dom Pedro II, eu já disse nesta tribuna e volto a repetir hoje - Dom Pedro II que esta Casa negou uma Sessão Especial para lembrar o 100° ano de seu falecimento, em dezembro do ano passado, Dom Pedro II disse que se não fosse Imperador ele gostaria de ter sido professor, mas não, tenho a absoluta certeza, não professor no Governo Collares, de forma nenhuma, porque na realidade os professores deste Estado têm sido nesta última meia dúzia de anos massacrados cruelmente. Os mesmos professores que eu ouço aqui todos os dias dizerem que na época do período da exceção, da revolução, da ditadura, dos militares, podiam ir à Praça com mais tranqüilidade e obtiveram algumas coisas, alguns avanços que os outros começaram a negar. Aqueles que exigiam sempre que o Governo do PDS tinha que dar, hoje são os que negam. É por isso que os professores e os servidores do Estado têm a solidariedade da Bancada do PDS nesta Casa. E é por isso que nós do PDS não conseguimos entender a divulgação nas páginas dos jornais deste Estado, dizendo que o Governo do Estado gasta 58%, 60%, 70% com o pessoal e de repente diz que foi 90%. Mas, eu li matéria do Governo do Estado, dizendo que gastava 58¨% e agora está gastando 72%, 74%.

Mas para falar em política salarial tem que ter coerência, tem que ter dignidade, tem que dizer aqui que quando o Prefeito Olívio Dutra retirou dos servidores municipais 40% e não explicou até hoje como é que ele retirou, não vi uma voz do PT se levantar para defender o servidor municipal, não vi e não vi um Vereador desta Casa também me dar cobertura naquilo que eu pedi que a Câmara acionasse o Prefeito na Justiça, só o PDS queria, só os quatro Vereadores do PDS queriam. Fora os quatro Vereadores do PDS, eu tenho reiteradas vezes nesta tribuna, eu quero que se explique como é, que conta faz o Prefeito Olívio Dutra para dizer que estava pagando mais de 72% quando a arrecadação aumentava em valores reais e os salários eram contidos. Essa aritmética ninguém me explicou. E com a exceção dos quatro Vereadores do PDS, não conheço nenhum Vereador que tenha dado cobertura para que nós entrássemos na Justiça, porque foi decidido isso no dia 3 de dezembro, para então acertar os salários dos servidores que em junho, se valia 100, no dia 30 de novembro só valia 70. E a arrecadação cresceu em valores reais. Estas coisas é preciso que houvesse entre todos os políticos: coerência, porque direitos são direitos, não são favores. E os professores são os injustiçados de sempre, porque tenho dito reiteradas vezes, que para mim a categoria mais forte do mundo é o professor, só não é no Brasil.

Eu estive na Europa e quando o professor passava eu acho que até o rei se ajoelhava, se fosse o caso, porque era Sr. Professor para cá, Sr. Professor para lá, os outros não interessavam. E o professor não tem aqui no Rio Grande do Sul, especialmente, mas não tem no Brasil inteiro também, reconhecidos seus méritos, seus valores e sua figura indispensável na vida de cada um de nós. Quem de nós não teve um professor? Quem de nós não tem uma lembrança grata das coisas boas que na nossa infância, na nossa juventude, na nossa adolescência e na nossa já juventude, quando íamos nas nossas escolas, quem não lembra com gratidão de um professor? Que figura indispensável, mas parece que para o Governo do Estado é uma figura a mais, um número a mais. Isso nos entristece profundamente. A Bancada do PDS se associa ao CPERS, se solidariza com a sua Presidente pela agressão, ainda que impensada do Governador Collares, mas agressão houve. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em Comunicação de Liderança pelo PDT, Ver. Nereu D'Ávila.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, faz um ano de Governo e, sem dúvida, estamos em fase de transformação no Estado. Não se pode, nesse momento, com tranqüilidade absoluta e isenção de ânimo, deixar de reconhecer que naqueles períodos conturbados como o que se está vivendo, não se detecte confronto de idéias e inclusive antítese, posições políticas. Então, há que ter uma visão ampla do que está acontecendo e, sem dúvida, aguarda para que o futuro fale melhor do que exacerbações, nesse momento, às vezes, precipitadas. Se tivesse que analisar, eu diria que havia durante mais de dez anos contumazes greves que prejudicavam a massa estudantil do Estado. Eu diria que foi pedido pelo Sr. Governador uma trégua ao CPERS e uma greve anterior à posse do próprio Governador em 15 de março de 1991. Esta greve não abriu mão para um diálogo que o Rio Grande esperava. Depois, eu diria que houve uma reunião de assembléia geral de direções de escolas dizendo que não obedecessem às diretrizes da SEC, ou seja, aí, sim, um autoritarismo. Eu diria que os calendários rotativos estão sendo contestados, inclusive na Justiça, com liminares e depois cassadas as liminares pelo Presidente do Tribunal de Justiça, mas o objetivo principal vai ser atingido porque é preferível essa transição tumultuada a 300.000 alunos sem escolas. E, é claro, Srs. Vereadores e Senhores que nos ouvem, é claro que nesses períodos injustiças são cometidas, às vezes, incompreensões, até erros na condução do problema. Mas tudo isso ficará ao lado e para trás, quando se estiver recuperado a categoria do ensino público que havia antigamente. Quem não sabe que o Colégio Dom Pedro II para o Brasil, para o Rio de Janeiro, como Júlio de Castilhos para o Estado do Rio Grande do Sul, eram padrões de ensino e que há muito tempo, mas muito, muito antes do Governo Collares, já não eram mais padrões do ensino público.

A exacerbação de que falei no início, dela está sendo tirado proveito político. As reformas nas escolas são uma realidade. É só visitá-las, aqui mesmo na periferia da 1ª Zonal, aqui no Centro da Cidade; verbas; estão sendo liberadas bimestrais para que não haja mais aquela dilapidação que havia fisicamente nas escolas.

E é claro que enfrentar uma classe organizada através de um Sindicato poderoso como o CPERS, é claro que quem ousa fazer isto recebe, como estamos recebendo, uma enormidade de propaganda caríssima, com papel caríssimo, a partir do envelope. Mas não podemos deixar de reconhecer que a volta de milhares de professores que estavam encastelados em gabinetes de deputados para nada fazer e receber, no final do mês, com os impostos de todos os rio-grandenses. Isso trouxe melhoria para o ensino. E eu sempre cito o exemplo - e continuarei citando - de uma professora que estava há 17 anos na Bancada do PDT, na Assembléia e que hoje está no Colégio Marechal Floriano, ali perto da Brahma, prestando inexcedíveis serviços para o ensino, como trabalhador do ensino, como gostam de dizer nesta propaganda aí distribuída. Então, não houve - eu nisto não se pode acusar - protecionismo ao Partido do Governo. Todos voltaram para serem verdadeiros trabalhadores de ensino!

Pode-se discordar da supressão do nível 4. É uma discussão. Agora, não se pode alegar, que não está na Assembléia um Projeto que contempla, para 20 horas, dois salários. Ou seja, um Vereador do PT comparou com o Município. Ele sabe que não está dizendo toda a verdade. Porque no mesmo Município, o plano de carreira foi feito pelo Prefeito que hoje é Governador. E também é demagogia querer comparar o número de professores do Município com a imensidão do número de professores do Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PV, Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiros que nos assistem, lideranças do CPERS.

Este Vereador vem à tribuna para se solidarizar com a luta histórica dos professores neste Estado em defesa da qualidade de ensino público e de todas as conquistas democráticas, econômicas e salariais que a categoria tem efeito ao longo desses anos. Lamentavelmente, ao longo dos últimos anos, está perdendo algumas delas. Na verdade não está aqui em discussão a refrega entre a companheira Maria Augusta Feldmann e o Governador Collares, está em discussão um projeto de educação para este Estado, está em discussão uma coisa muito mais abrangente do que o palavreado que é noticiado pela imprensa. Na verdade, neste País, a situação da educação reflete a situação estrutural da nossa sociedade. Os senhores todos já ouviram falar quando governadores, quando dirigentes, quando presidentes da República se referem a investimentos na indústria, no comércio, nas estradas, eles se referem a isso como investimento no País; quando eles se referem à educação, o fazem como se fossem gastos. Se confunde a educação como sendo um gasto, e na verdade nunca se reconhece na educação o investimento do País, o investimento para garantir a qualidade das futuras gerações, que vão comandar este País, e que serão os futuros cidadãos. Vamos comparar algumas coisas com outros países no resto do mundo: na Alemanha, um professor primário ganha 2 mil marcos, em média, e isto equivale a quase 2 milhões de cruzeiros. Lá a educação é uma instituição, a escola é uma instituição e o professor é reconhecido como uma liderança, que é mantida por toda a comunidade que tem respeito. Não, aqui os nossos professores são desconsiderados, são considerados como qualquer trabalhador comum; onde o investimento que a sociedade fez na sua formação não é considerado. É por isso que a qualidade de ensino é tão pouca: porque não existem investimentos em recursos humanos e em recursos materiais, para que se eleve a qualidade do ensino. O Governador quer resolver os problemas estruturais à moda dele, fazendo um bombástico projeto de investimentos em torno do CIEPS, obras fabulosas, envolvendo milhões de cruzeiros. No entanto, esquece-se de que um dos aspectos fundamentais da educação é a qualidade, é o investimento em recursos humanos, é a formação do professorado. Para isso, os professores devem ter salários dignos, até para poder despender na sua formação profissional. Ele quer impor à sociedade rio-grandense um modelo que é pensado dentro da Secretaria de Educação, liderado pela Secretária Neuza Canabarro; quer passar por cima das instâncias democráticas que o movimento popular, juntamente com a categoria dos professores, avançou e conquistou, referindo-me às eleições diretas para diretores nas escolas. Collares, por isso, procura desmantelar a estrutura até hoje conquistada pelo professorado no Estado do Rio Grande do Sul para impor seu projeto de educação goela abaixo à sociedade rio-grandense. Ele deveria, no meu ponto de vista, ao invés de agredir as lideranças dos professores, levar a cabo um projeto educacional visando, em primeiro lugar, investir na estrutura material das escolas, aprimorando-as, ao invés de pensar em projetos bombásticos de grandes investimentos, que apenas podem, sim, dar retorno eleitoral, mas que não garantem a qualidade do ensino e o futuro de nossas crianças. Deveria ele investir mais nos salários dos professores, deveria respeitar as estruturas democráticas, os avanços até hoje conquistados pelo professorado. Aí sim, iria bem o Governo Collares, quando daqui a três anos poderia colher os frutos; junto com o Governo, não só colher os frutos do que plantou hoje, como também toda a sociedade rio-grandense.

Nesse sentido, meu pronunciamento não contra o PDT, porque acredito que muitos Vereadores, aqui, do PDT, têm uma visão progressista e se aliam, em tese, a este discurso. O nosso discurso é contra este projeto de educação que está sendo enfiado goela abaixo pelo Governador Alceu Collares. A nossa solidariedade aos dirigentes do CPERS aqui presentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): A Mesa coloca em votação o pedido de Licença, do Ver. Antonio Hohlfeldt, para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): A Mesa apregoa o PLE n° 015/92, fixando o aumento de vencimento para o mês de março em 57,66%.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h17min.)

 

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